17 abr

A bela despertada – Marina Porteclis

Enquanto Ana levava sua vida chata
Enquanto Ana vestia os seus tons pastel
Bia, sob a lua, vestida de vento
Girava no topo do apartamento
Desenhava a pele de tinta indelével
Via estrela guia, disco voador

Enquanto Ana sorria sem nenhuma graça
Enquanto Ana dormia sob a luz do corredor
Bia, pedalando, fugia de casa
Sob a luz da rua, enfrentava o caos
Cortando os pés, corria na água
Sem medo, nem espelho,  se encontrou

Enquanto Ana sonhava com um beijo roubado
Lábios macios, femininos, ao tocar os seus
Bia, a mais alta das árvores, escalava
Ousada, inteira, a janela traspassou
Apagou a luz que lhe denunciava
Despida, exceto do que lhe tatuava
Nos lábios de Ana se derramou.

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