30 nov

Encontro – Marina Porteclis

Era praça, era espera
Meio-dia, meio só
Olhos tristes
Mãos de fera
E os óculos de sol
Que encobriam o ar de menina
Que escondiam o medo da vida
Que levava atrás da janela
Que sorvia das telenovelas

Era praça, era pressa
Era a última lição
Vento frio
A boca entreaberta
O corpo fechado
Medo da solidão
Que sentia em dia de domingo
Quando via o que não era família
E se excluía, para não ser excluída
E morria até renascer

Era praça, era acaso
Eram elas, elas vinham
Os óculos escuros, suspensos
O corpo fechado, se abria

Era praça, era encontro
Olhos cinza que choviam
Olhos verdes que capturavam
As águas do lago que vertiam

Era praça, era pressa
Olhos cinza que sorriam
Olhos verdes que anunciavam:
Os dias nublados findariam.

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